Vai Se Food

#137 Por que você deveria se importar com a devastação do Cerrado?, com Isabel Figueiredo

Vai Se Food

O que a devastação do Cerrado tem a ver com a minha vida?
Qual a relação entre as imensas monoculturas de soja que dominam o bioma com a água que eu bebo e com a comida no meu prato?
Porque raios eu deveria me preocupar com a população de lobo guará ou com a extinção do buriti?
A verdade é que quase nenhum de nós foi educado para pensar de maneira sistêmica - ou seja, compreender as intrincadas relações de causa e efeito entre fenômenos ambientais, sociais e climáticos. Entre o aumento PIB do agro e o aumento da violência no campo. Entre hábitos alimentares e emergência climática.

O modelo atual de produção de alimentos derivados de animais é dos maiores vilões da mudança climática e da soberania alimentar- até mais do que os tão comentados combustíveis fósseis. E não se trata da história do arroto do boi, não. O negócio é muito mais complexo.

Segundo a ONU, a indústria pecuária global é o terceiro maior poluidor do efeito estufa do mundo. Essa mesma indústria é a maior desmatadora  dos nossos biomas (como Amazônia, Cerrado e Pampas) - o que causa emissão de gases do efeito estufa e, ao mesmo tempo, diminui a capacidade de retirá-los da atmosfera, trabalho feito pelas árvores -, na mudança da paisagem e uso do solo (onde antes havia mata ou dezenas de pequenos agricultores plantando comida, hoje existe apenas soja), na contaminação de solo e água (por conta do uso intensivo de agrotóxicos), entre outros fatores. O Cerrado é, hoje, o bioma mais ameaçado do país. A razão? Tudo está virando soja para alimentar porco, galinha, vaca, ovelha, cabra, peixe…

Para conversar sobre a importância vital (literalmente) do Cerrado, minha entrevistada é Isabel Figueiredo. Formada em Ecologia pela UNESP, com mestrado em Ecologia pelo Universidade de Brasília e trabalha há 20 anos no Cerrado junto à povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares para a conservação do bioma e a melhoria da qualidade de vida dos povos.  Trabalha, desde 2006, no Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), atualmente coordenando o Programa Cerrado e Caatinga.


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