
Vai Se Food
Podcast sobre comida e sustentabilidade, gastronomia e consciência socioambiental, idealizado e apresentado por Ailin Aleixo.
Ailin é jornalista e escreve sobre gastronomia há 20 anos. Também atua como pesquisadora dos impactos sócio-climáticos-ambientais da cadeia de produção de alimentos e palestrante.
Vai Se Food
#110 Vegetais e a neurose estética, com Eduardo Petrelli
Das 140 milhões de toneladas de alimentos produzidos por ano no Brasil, 26 milhões são jogados no lixo, de acordo com o estudo “Mitigação do desperdício de alimentos: práticas e causas na díade fornecedor-supermercado”, realizado pela professora e pesquisadora Camila Moraes na UFSCar. Uma das principais razões chega a ser bizarra: pressão estética.
“Há pressão estética em frutas, verduras e legumes, e a natureza não nos proporciona isso. Há essa demanda do lado do consumidor, o supermercado cria esses critérios de recebimento e leva o problema para fornecedores”, afirma a pesquisadora.
Batata doce grande demais? Vai pro lixo porque o produtor não consegue vender para redes de supermercados que só trabalham com produtos "padronizados". Cenoura torta? Lixo. Morango bifurcado? Lixo. Ou seja: olhamos para frutas, legumes e verduras de forma industrial, querendo todos iguais, quando não existe linha de produção na natureza... A pressão estética - compra baseada exclusivamente no “padrão” de tamanho e formato - faz o Brasil desperdiçar cerca de 25% das raízes, frutas, hortaliças e sementes oleaginosas... (Fonte: Programa Mesa Brasil) - e 15% disso acontece no varejo.
Para combater esse desperdício dos alimentos "fora de padrão", garantir a compra dos que seriam jogados fora e ainda conseguir vender a preços menores para o consumidor final surgiu o Mercado Diferente.
O Mercado Diferente vende assinaturas de cestas de frutas, legumes e verduras produzidas por produtores de orgânicos certificados entregues em domicílio. Essas cestas podem ser compostas por até 50% de alimentos fora do padrão, o que ajuda a combater o desperdício em toda a cadeia de produção além de permitir que custem até 40% menos do que custariam no mercado.
Para conversar como foodtechs podem melhorar a vida no campo, estimular a produção limpa e educar o consumidor, conversamos com o CEO do Mercado Diferente, Eduardo Petrelli.